Sunday, April 19, 2020

Doughnut Economy


*Doughnut Economy*




Esse é o melhor artigo de otimismo que eu li para o mundo pós-corona vírus. O fato é que o confinamento e o medo embutido nele pela nossa sobrevivência faz com que sejamos levados a pensar fora do supérfluo em direção ao essencial. Isso tem a ver com a qualidade das nossas relações, nossa qualidade de vida em relação às coisas básicas como alimentação, higiene, lixo, saúde, educação, cultura, lazer  etc ... E, claro, faz com que pensamos no próximo e no planeta. É injustificável que vivamos em um planeta com bilhões de pessoas vivendo sem o mínimo essencial enquanto um pouco (pouco mesmo) goza de todo luxo imaginável e inimaginável. O corona iguala a todos: ricos e pobres, o medo é o mesmo. Por outro lado, vivemos em uma economia de crescimento ilimitado que depriva o planeta de seus limitados recursos e a longo prazo ameaça a própria viabilidade da vida humana na Terra. Não faz sentido. Um dia teríamos que dar um freio. Será agora? Espero que sim.

A economia “doughnut” (rosca comestível) é algo assim: o mínimo essencial para o indivíduo viver bem e o planeta suportar o estilo de vida de todos está dentro da área do anel. Quem cai dentro do anel tá “no buraco” literalmente. Vive com menos do que o necessário. Quem cai fora do “doughnut” é porque tem um estilo de vida extravagante e consumidor de recursos, o planeta não suporta este estilo de vida. Está consumindo o próprio planeta, como um parasita.
A ideia é colocar todo o planeta Terra dentro do “doughnut”, podando os abusos e empoderando os desfavorecidos. É utópico? Muito utópico. Mas há que se começar em algum momento e ter um objetivo final. Amsterdam diz que começou? Será?


Tuesday, April 7, 2020

Por que não o Criacionismo nas Escolas

Porque não o Criacionismo nas Escolas 

Marcelino Pequeno, Doutor em Inteligência Artificial, Professor da UFC.




Algumas questões que pareciam soterradas voltaram à tona. A separação entre Igreja e Estado parecia ter se consumado no século XIX, entretanto com um governo que angaria votos entoando o nome de Deus, ela volta a ser relevante.

 Mas por que não ensinar o criacionismo nas escolas como uma hipótese a par da teoria evolucionista de Darwin? Simplesmente porque o criacionismo (ou o design inteligente, quando quer se dourar a pílula) não é uma hipótese científica.

 Faz parte da educação de jovens e adultos a compreensão e prática do método científico. A ciência é caracterizada pela busca de soluções naturais (em oposição a sobrenaturais) para os problemas do conhecimento da natureza. Quando uma questão resiste a explicações naturais, não se a resolve postulando entidades sobrenaturais, ela permanece como um problema em aberto. Este é o caso de conhecermos a origem da consciência, como ela é possível? Não se ganha em nada postulando a existência de uma alma ou de um espírito ex machina.

 A teoria da evolução é um exemplo dramático de como uma questão que parecia não ter explicação natural (como é possível que haja tantas espécies diferentes de seres vivos?) subitamente é explicada com extrema elegância e simplicidade sem a necessidade de se recorrer a nenhum elemento extraordinário, apenas a continuidade no tempo dos indivíduos mais aptos a sobreviverem dando origem a novas linhagens.

 O criacionismo não é científico porque postula uma entidade sobrenatural, Deus no papel de engenheiro, a guiar os passos evolutivos. Essa hipótese, além de ferir o princípio dos meios naturais, é cientificamente estéril. Se foi um engenheiro divino que conduziu a evolução, o que há mais para explicar? Pode-se argumentar que o papel do cientista é desvendar os mecanismos utilizados pelo engenheiro divino. Mas se o cientista vai desvendar, por meios naturais, como se dá a evolução, para que ele precisa da hipótese do engenheiro divino?